Dia do Autor Português
No passado dia 22 de maio celebrou-se o Dia do Autor Português. Este dia, criado em 1982, serve para homenagear os autores portugueses, de várias áreas artísticas, e para assinalar o aniversário da Sociedade Portuguesa de Autores.
Pessoalmente, por muito que goste de ler e em especial livros recentes, há coisas nos livros mais antigos que me cativam: a opotunidade de conhecer uma época que eu não vivi, com costumes e tradições bastante diferentes dos atuais; a forma de escrever e a forma de falar do passado; o cheiro que só os volumes que já têm algum tempo de vida são capazes de transmitir.
Os livros que trago hoje, em jeito de celebração desta efeméride, são alguns dos que me iniciaram no hábito da leitura. São livros que, apesar de terem sido escritos numa época diferente da que vivemos hoje, permanecem atuais e que, a seu tempo, terão o seu espaço, com maior detalhe, aqui no blogue.
O Mistério da Estrada de Sintra – Eça de Queirós e Ramalho Ortigão
Os Escritores: Eça de Queirós foi um escritor e diplomata português que nasceu em 1845. É considerado um dos maiores romancistas portugueses. As suas principais obras são O Mistério da Estrada de Sintra (1870), O Crime do Padre Amaro (1875), O Primo Basílio (1878) e Os Maias (1888). Faleceu em 1900.
Ramalho Ortigão foi um escritor e jornalista português, nascido em 1836. Foi professor de Eça de Queirós, com quem escreveu O Mistério da Estrada de Sintra e, a solo, publicou Histórias Cor de Rosa (1869). Faleceu em 1915.
O Livro: Naquele que é justamente considerado o primeiro romance policial português, conta-se a história de um médico que regressa de Sintra acompanhado por um amigo. A meio do caminho, ambos são raptados por um grupo de mascarados, que os levam para um prédio isolado onde aparecera um homem morto. A partir daí, os acontecimentos sucedem-se em catadupa. Quem é o morto e quem o matou? E porquê? Quem era a mulher com quem ele se encontrava, e quem são os mascarados que pretendem proteger a sua honra? A história foi publicada no Diário de Notícias entre Julho e Setembro de 1870 sob a forma de cartas anónimas, e foram muitos os que se assustaram com os acontecimentos narrados. Só no final é que Eça de Queirós e Ramalho Ortigão admitiram tratar-se de uma brincadeira e que eram eles os autores das cartas.
O Mistério da Estrada de Sintra foi publicado em forma de livro nesse mesmo ano. Em 1885, houve uma segunda edição revista por Eça de Queirós, que é a utilizada na presente edição.
Informação retirada da Wook.
A Morgadinha dos Canaviais e As Pupilas do Senhor Reitor – Júlio Dinis
O Escritor: Júlio Dinis, é o pseudónimo escolhido pelo médico e escritor português Joaquim Guilherme Gomes Coelho. Nasceu em 1839, na cidade do Porto e terá falecido em 1871. As Pupilas do Senhor Reitor foi o seu primeiro romance, publicado em 1867. De entre toda a sua obra, contam-se, por exemplo, Uma Família Inglesa (1868), A Morgadinha dos Canaviais (1868), Os Fidalgos da Casa Mourisca (1869).
As Pupilas do Senhor Reitor: O título refere-se às personagens femininas do romance, duas meias-irmãs órfãs, Margarida e Clara, de personalidades opostas, adotadas pelo Reitor. A intriga centra-se, contudo, em Daniel, segundo filho do lavrador José das Dornas. Depois de, em rapazinho, ter renunciado à carreira eclesiástica por amor a Margarida, Daniel regressa à aldeia, já médico e completamente esquecido do seu idílio de infância. Para além do Reitor, a obra apresenta uma interessante galeria de tipos rústicos, onde se destacam as figuras de José das Dornas, João Semana, o bondoso médico rural, João da Esquina, o dono da loja, e a sua esposa interesseira, a ti'Zefa, a beata linguaruda, entre outras. Em suma, As Pupilas do Senhor Reitor traduz a vida rural portuguesa da época.
Informação retirada da página GoodReads.
Livro na Wook.
A Morgadinha dos Canaviais: Em meados de oitocentos, Henrique de Souselas muda-se para uma aldeia no norte de Portugal, a conselho de seu médico, esperando deixar para trás, na capital, as suas doenças e angústias da vida urbana.
Henrique encontra tranquilidade e paz de espírito na pequena aldeia minhota, onde conhece Madalena, uma mulher bela, de fortes ideais e de forte caráter, que o desperta para os encantos da vida rural.
Júlio Dinis deixa-nos um maravilhoso retrato do quotidiano, dos costumes e das tradições da vida campestre, que acolhe harmoniosamente os temas da religiosidade, da política, da ambição e da vida familiar portuguesa da época.
Informação retirada da Wook.
A Viúva do Enforcado – Camilo Castelo Branco
O Escritor: Nascido em 1825, Camilo Castelo Branco foi um escritor, romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor português. O seu primeiro romance foi publicado em 1851, intitulado Anátema, e do seu espólio os títulos mais conhecidos são Amor de Perdição (1862), A Queda de um Anjo (1866), A Bruxa de Monte Córdova (1867) e Eusébio Macário (1879). A Viuva do Enforcado é um livro de 1877. Faleceu em 1890.
O Livro: Teresa amava-o ardentemente. Aquele rapaz era, com efeito, o que devera ter sido o artista de Guimarães para que as duas almas se identificassem. António Maria era arrojado nas aspirações e invejava a morte duns heróis revolucionários, cuja história contava à viúva entusiasta.
Dramatizava coisas insignificantes com atitudes trágicas. Declamava com o timbre metálico de pulmões que se ensaiavam para o fôlego comprido das pugnas parlamentares. Sabia o gesto e a palavra atroadora de Desmoulins e Mirabeau. Era um homem antípoda do defunto Guilherme. Não tinha cismas, arroubos, nem enlevos pelo azul dos céus além. O seu amor manifestava-se em convulsões assustadoras, e às vezes ajoelhava-se aos pés de Teresa com a humildade de uma criança, e não ousava beijar-lhe a barra do vestido. Se lhe apertava, porém, a mão, os seus dedos fincavam-se como garra do açor, e o sangue latejava-lhe nas falanges.
Dizia que tinha vontade de afogá-la nas suas lágrimas, e morrer. Chamava-lhe a sua redentora, porque já não pensava em estrangular os tiranos da pátria, desde que todo o seu futuro estava no amor ou no des prezo da única dominadora do seu orgulho. Se Teresa um dia lhe desse o seu destino, queria ir com ela para a América inglesa, para o coração do mundo onde pulsa a liberdade humana. Se lá a não encontrassem, iriam procurá-la no deserto; à sombra de uma palmeira fariam uma cabana, e no seio de um areal cavariam a sepultura de ambos.
Este homem tinha lido as melhores asneiras de 1829: a Adriana de Brianville e Amélia ou os efeitos da sensibilidade; e conhecia Atalá, traduzido em 1820, e as Aventuras do último abencerragem, em 1828.
Possuía literatura bastante para levar a peçonha dos romances ao serralho de Mahmoud II.
Informação retirada da Wook.
Menina e Moça – Bernardim Ribeiro
O Escritor: Bernardim Ribeiro foi um escritor e poeta português que viveu entre os séculos XV e XVI. Menina e Moça é a sua obra mais conhecida (que também tem o nome de Saudades). Pouco se sabe sobre a sua vida, no entanto pensa-se que terá pertencido ao conjunto de poetas palacianos, juntamente com Sá de Miranda, Gil Vicente, entre outros.
O Livro: Segundo Carolina Michaëlis (crítica literária nascida a 1851), Menina e Moça é uma obra “tão expressiva da alma nacional que os primeiros capítulos equivalem a uma elegia soluçada, que, mesmo traduzida em língua germânica, produz o efeito de desoladora melancolia”.
Livro na Wook.